O Labirinto de Glastonbury (parte 1)

A Construção

Na minha viagem a Glastonburry, Inglaterra, tive oportunidade de percorrer um interessante labirinto localizado no relvado do St. John the Baptist Church.


Procurei na igreja elementos sobre a sua construção e fiquei surpreendida com toda a história subjacente ao aparecimento  deste Labirinto.


Recuemos no tempo...
É dia 8 de Outubro de 2007... no fim da tarde deste dia é colocada a última pedra do Labirinto situado no adro da igreja. É um labirinto em relva, com desenho de circuito clássico de sete voltas. A pedra presente é proveniente do local do "Tor".

Um dos aspetos interessantes deste Labirinto é que foi uma criação comunitária. Jovens estudantes da escola de St Dunstan cavaram trincheiras sob a supervisão do construtor Bob Wilson. Pessoas de todas as esferas da vida espiritual e associações doaram o seu tempo para ajudar na sua construção, colocando, por exemplo, as pedras numa cama de concreto para criar uma estrutura permanente. Muitos moradores locais apoiaram o financiamento do projeto, incluindo livrarias, organizações e a Câmara Municipal de Glastonbury. Até peregrinos e turistas ajudaram!


No domingo seguinte à conclusão da construção (que durou cerca de cinco anos, desde a sua concepção e autorizações legais), o coadjutor da paróquia Reverendo Lawrence, abençoou o Labirinto numa cerimónia simples e significativa, que simbolicamente reuniu as tradições cristã e celta.




De salientar que este Labirinto surgiu especialmente, pelos esforços determinados de uma pessoa em particular, Sig Lonegren (geomante de Glastonbury e autor). Ele considerou que a sua construção iria ajudar a curar a fenda rasgada no tecido de Glastonbury, inicialmente causada pela execução bárbara do Abade Whiting e a destruição que se seguiu da Abadia da cidade em 1549. Este ato devastou a cidade espiritualmente, economicamente e socialmente, mergulhando-a num limbo sem rumo que durou cerca de 150 anos!

Esse período sombrio terminou em 1705 , quando a Rainha Anne deu à cidade uma Carta Régia, após o que um prefeito e uma comissão foram eleitos para ajudar a restaurar a ordem cívica e devolver à cidade a sua identidade.


Este belo labirinto foi construído 
para marcar o 300 º aniversário ( tricentenário ) 
da Carta Régia de Glastonbury





Outra curiosidade deste Labirinto são as pedras esculpidas que servem de marcadores em zonas de viragem do percurso.


O centro é um marcador com uma versão modificada do Brasão de Armas da cidade de Glastonbury . 



Em cada um dos quatro pontos de viragem do Labirinto, existem outros marcos de pedra esculpidos celebrando a herança espiritual de Glastonbury. Dois deles celebram santas mulheres. A primeira pedra é dedicado à Virgem Maria e apresenta a sua rosa simbólica.



A segunda pedra é dedicada a Santa Brigit ou Brigida, (santa com o mesmo nome da deusa celta que representava a Mãe Terra) e apresenta uma cruz celta. 



Outras duas pedras são dedicadas a dois homens santos:
José de Arimatéia, o tio de Jesus, que segundo a lenda, trouxe o Santo Graal a Glastonbury. A pedra retrata a milagrosa floração do Thorn Santo ou Espinheiro Sagrado (árvore que terá nascido quando enterrou o seu bordão).





Dunstan,  monge, músico, artista (iluminador de textos sagrados) e metalúrgico, do séc. X. Com uma carreira religiosa espetacular, ele passou a ser o abade da abadia de Glastonbury, bispo de Worcester, bispo de Londres e, finalmente, o arcebispo de Canterbury.




O próximo post será dedicado ao percurso deste labirinto como viagem espiritual em direção ao Centro.

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